"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 24 de abril de 2012

NABABESCAS MOAGENS

José Antonio Lemos dos Santos

     A recente queda do senhor Éder Moraes, até então secretário da Secopa, lembrou-me de imediato o impeachement de Collor, então todo poderoso presidente do Brasil. Tento explicar, mas antes é bom esclarecer que não votei no ex-presidente. Aliás, fizemos na mesma escola em Brasília o segundo grau, chamado de “científico”, e já naquela época não votei nele para o diretório acadêmico. Foi talvez sua única derrota eleitoral, ainda que por um só voto, cuja autoria foi disputadíssima após a eleição. Como todos sabem, o ex-presidente Collor fez muitas coisas erradas. O que nem sempre é lembrado é que fez também algumas coisas certas. E ele caiu justamente pelas poucas, mas importantes, coisas certas que fez, como a abertura do Brasil ao mercado internacional, não negociar com o Congresso e o fantástico programa dos CAICs, inspirado em Darcy Ribeiro, escolas produzidas em série para funcionarem em tempo integral, do qual tive o privilégio de participar como arquiteto junto à sua coordenação em Brasília.
     Quanto ao senhor Éder Moraes, também é bom dizer que não me é simpático como homem público e inclusive lhe critiquei diversas vezes em artigos por atitudes à frente da Secopa. Porém, durante sua gestão, e podia ser com outro, os projetos da Copa do Pantanal continuaram andando e nas últimas semanas foram abertas licitações e dadas ordens de serviços para muitas obras importantes. Sem contar as obras que virão, contando só com as que estão em andamento e mais aquelas que já estão licitadas, com ordem de serviço e recursos empenhados, isto é, prontas para iniciar, só estas obras já configuram o maior pacote de obras urbanas concentradas no tempo em Cuiabá e Várzea Grande. Por isso ele caiu. Não se trata de defendê-lo, ao contrário, quero obras e não essas nababescas moagens públicas do entra-e-sai, do seis por meia-dúzia, que assistimos e pagamos, e que sempre terminam em pizza.
     Éder Moraes caiu como cairá qualquer político que ficar à frente desse extraordinário pacote de obras no maior colégio eleitoral do Estado. Nem é preciso explicar. Quem ficar politicamente à frente desse pacote de obras, e ser competente para realizá-lo, será o próximo governador do Estado. No mínimo entrará mais forte na disputa, pois terá um palanque bilionário de obras como base de sua candidatura. Convenhamos ser um risco muito grande para os demais pretendentes ao governo, que já existem e estão se preparando na surdina. Qualquer um que seja, vai que o “cara” da Secopa consiga executar as obras. E aí? Uma séria ameaça. Por via das dúvidas, pau nele, seja quem for ou quem vier. Ainda que não tenha algum “rabo-preso” – difícil! - lhes criarão um ou mais. Uns cairão antes de subir. Absurdo mas este é o preço político das obras, exacerbado neste caso da Copa com tantas obras concentradas. Mas o que esperar da antiga cultura política brasileira, não apenas cuiabana, cuja máxima é não colocar azeitona na empadinha dos outros, ainda que as azeitonas sejam obras ou serviços fundamentais para a qualidade de vida do povo?
     Como político, para o governador Silval a Copa é a velha faca de dois gumes: consolidação ou fracasso. É ele quem está à frente da Copa do Pantanal para o certo ou o errado. Agora é fazer ou fazer. É hora de um técnico liderando a Secopa, em especial arquiteto ou engenheiro, um técnico que seja do governador antes de tudo, de sua confiança e bancado politicamente por ele, com muita experiência em obras públicas mesmo assim com reputação preservada, que possa ter foco exclusivo nas obras. Como foi Sátyro Castilho para Fragelli na construção do CPA. A chance da despolitização da Copa é agora, caminho único para a viabilização máxima de suas oportunidades e de seu legado.
(Publicado em 24/04/2012 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, Hipernotícias, ODocumento, EFNotícias, PNBOnLine, EscritaArquitetura, TurmadoEpa, BlogdoJoãoBosquo, NotíciasNX, RepórterMT, AraguaiaDigital, RufanoBombo, AImprensadeCuiabá, Mederovsk, BioMozer )

quinta-feira, 19 de abril de 2012

SHOW DE ABÓBADAS

                                                               Saint-Séverin, Paris (Wikipédia)

Veja no link abaixo a bela seleção de abóbadas da revista Casa Vogue (matéria enviada por Silvia Antunes):

http://casavogue.globo.com/lazer-cultura/top-10-as-mais-belas-cupulas-de-igrejas/ 

terça-feira, 17 de abril de 2012

A VOLTA DA TERMELÉTRICA

José Antonio Lemos dos Santos



     Todo cidadão deseja viver em uma grande cidade, e não em uma cidade apenas grande. Viver em um grande estado, e não em um estado apenas grande. À cidadania interessa uma cidade e um estado capazes antes de tudo de oferecer qualidade de vida, com empregos, renda e infraestruturas econômicas e sociais dignas e efetivas para seus habitantes. Para tanto umas das condições essenciais é a energia. Um estado ou uma cidade sem energia, ainda que grandes, seriam semelhantes a uma anta anêmica, grande, fraca, doentia. Teríamos uma sociedade sem dinamismo e uma gente sem perspectivas, sem futuro.
     Lembro de quando trabalhava na Comissão Especial da Divisão do Estado, em 1978, no Ministério do Interior, e do diagnóstico da Fundação João Pinheiro para Programa de Desenvolvimento de Mato Grosso – PROMAT que já identificava a carência energética como um dos principais gargalos para o desenvolvimento do estado remanescente, até então alimentado por Cachoeira Dourada (GO), a 800 Km daqui. Depois de tentar infrutiferamente a viabilização da Usina do Funil, optou-se pela energização da Barragem de Manso, cujas obras tinham início marcado para aquele ano. Ao “açudão” inicial de proteção da cidade contra novas enchentes como a de 74, foram agregadas ao projeto outras finalidades como a geração de energia, controle de vazão, psicultura, turismo e irrigação de 50 mil hectares na Baixada Cuiabana, dando origem assim ao Aproveitamento Múltiplo de Manso (APM de Manso) pioneiro nesse tipo de projeto multi-finalitário no Brasil.
     Acontece que a seguir o projeto de Manso foi paralisado. Assim, já na administração Frederico Campos em 1992, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá chegou a determinar ao prefeito a promoção de ações visando o “aproveitamento energético da bacia do Rio Cuiabá”. Seu sucessor Dante Oliveira cumpriu a lei e foi atrás dessa e outras soluções alternativas para a questão energética de Cuiabá, que de tão grave se dizia “ventou em Jataí, a luz apaga aqui”. Já como governador, com seu prestígio viabilizou Manso e a termelétrica de 480 MW com gás boliviano, um mega empreendimento internacional da finada ENRON envolvendo quase US$ 1,0 bilhão, até hoje o maior empreendimento privado em Mato Grosso, um projeto jamais sonhado pelo estado.
     O projeto da termelétrica é tão fantástico que ainda hoje muita autoridade sequer entendeu sua real dimensão. A Termelétrica de Cuiabá é mais que uma geradora de energia limpa e barata, embora só isso já fosse de enorme importância para o estado. Muito mais do que a geração de energia, é ela que viabiliza o transporte do gás boliviano em quantidade suficiente para ser um diferencial favorável para Cuiabá, Várzea Grande, com perspectivas de expansão para o estado. Só o gás já faria uma revolução no estado. Além de energia barata e limpa, o gás é também matéria-prima para diversas indústrias e deveria estar sendo usado na atração de novas empresas. Mas não, para nossas prefeituras o complexo gasoduto/termelétrica de US$ 1,0 bilhão parece estar em Marte, não mexem uma palha pelo aproveitamento dessa extraordinária vantagem comparativa que a Grande Cuiabá dispõe, como não mexeram quando o gás foi cortado por absurdos e inacreditáveis quase 5 anos. Graças porém ao empenho no caso do governador Silval Barbosa o gás voltou em setembro do ano passado e no último fim de semana a termelétrica voltou a funcionar. Como viabilizar um projeto de distribuição dessa riqueza às indústrias existentes e como utilizá-la para atrair novos investimentos? Como resgatar a confiança na continuidade de fornecimento do gás veicular? Eis um tema fundamental e desafiador para os candidatos nas eleições municipais deste ano.
(Publicado em 17/04/2012 pelo Diário de Cuiabá)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

PREVENDO O FUTURO

Competição revela 25 conceitos insanos para os prédios do futuro

      Premiação da revista eVolo destaca ideias que mudam a forma como interagimos com o ambiente e as comunidades a que pertencemos.
Por Felipe Gugelmin em 6 de Março de 2012

 http://www.tecmundo.com.br/conceito/20244-competicao-revela-25-conceitos-insanos-para-os-predios-do-futuro.htm

                                                                      (Fonte da imagem: eVolo)

     Estabelecida em 2006, a Skycraper Competition da revista eVolo premia as ideias que melhor representam os edifícios do futuro. O objetivo é mostrar como novas tecnologias, materiais e noções estéticas podem ser incorporados às construções para torná-las mais compatíveis com um ambiente caracterizado pela globalização, flexibilidade, adaptabilidade e pela revolução digital.A cada edição do prêmio, são reveladas ideias que, se não totalmente malucas, mudam bastante o que estamos acostumados a chamar de prédios. O vencedor de 2012 foi o “Himalaya Water Tower”, construção localizada no topo de uma cadeia de montanhas, capaz de armazenar água e regular os nutrientes do ambiente que a rodeia.

                                                                (Fonte da imagem: eVolo)
     Outra ideia que se destaca foi batizada como “Monument to Civilization: Vertical Landfill for Metropolises”, uma torre gigantesca que atua como um depósito de lixo. Além de acumular materiais indesejáveis, o local os utiliza para gerar energia elétrica para os demais edifícios da região. A construção também tem o objetivo de poupar dinheiro no transporte de dejetos, que não precisariam mais ser levados até áreas distantes.Segundo a eVolo, a escolha dos vencedores foi baseada em sua capacidade de estabelecer discussões entre os espaços públicos e privados, mostrando a responsabilidade individual e coletiva na criação de uma comunidade adaptável e dinâmica. O prêmio prioriza novos talentos, cujas ideias vão mudar a arquitetura e a relação que temos com a natureza. Confira em nossa galeria as imagens dos 20 prédios futurísticos escolhidos em 2012.

terça-feira, 10 de abril de 2012

CUIABÁ 300-7

José Antonio Lemos dos Santos


     Comemorando os 293 anos de Cuiabá retomo a contagem anual regressiva para o tricentenário da cidade, como faço desde 2009. Agora, só faltam 7 anos. Aniversário de Cuiabá é festejar uma cidade que brotou entre as pepitas de um corguinho com tanto ouro, que era chamado pelos nativos de Ikuiebo, córrego das estrelas. E o córrego das estrelas desaguava em um belo rio, num lugar de grandes pedras onde se pescava com flecha-arpão, e que se chamava Ikuiapá, lugar onde se pesca com flecha-arpão, em bororo. E a cidade floresceu bonita e se chamou Cuiabá, célula-mater do oeste brasileiro, mãe original de tudo o que veio a suceder na região, mãe de cidades e de estados.
     No breve tempo que durou o ouro, Cuiabá chegou a ser a mais populosa cidade do Brasil. Mas o metal acabou rápido e seu destino seria o das cidades-fantasmas garimpeiras não fosse a localização mágica, centro do continente, cuja expectativa de riqueza interessava a Portugal. Então, o papa decide que o limite entre as duas coroas ibéricas não seria mais dado por Tordesilhas, mas pela posse das terras. Aí Cuiabá vira um bastião português e sobrevive como apoio aos interesses lusos em terras então espanholas em seu primeiro salto de desenvolvimento, o da sobrevivência, que lhe permitiu continuar viva.
     Logo Portugal criou a Capitania de Mato Grosso com sua sede instalada em Cuiabá, enquanto era construída a futura capital Vila Bela. Por dois séculos sobreviveu a duras penas, mesmo tendo voltado a ser capital, período heroico em que forjou uma gente brava, sofrida, mas alegre e hospitaleira, capaz de produzir um dos mais ricos patrimônios culturais do Brasil, com vultos e proezas que merecem ser melhor tratados e destacados pela história oficial brasileira. Como um astronauta contemporâneo, vanguarda humana na imensidão do espaço, ligado à nave apenas por um cordão prateado, assim Cuiabá sobreviveu por séculos, solta na vastidão centro-continental, ligada à civilização apenas pelo cordão platino dos rios Cuiabá e Paraguai.
     Até que na década de 60 a cidade vibra novamente, transforma-se no “portal da Amazônia” e em pouco tempo sua população decuplica. Foi o salto da quantidade, a expansão necessária para ser a base de ocupação da Amazônia meridional, a qual se deu sem a menor preparação ou apoio da União, que lhe era devido pela função estratégica que desempenhava. Sozinha e sem recursos, apoiando uma região ainda vazia economicamente, Cuiabá explodiu em todos os sentidos, inclusive em sua estrutura urbana, despreparada para tão grande e súbita demanda.
     No alvorecer do novo milênio, Cuiabá está em seu terceiro salto de desenvolvimento, agora o salto da qualidade. Não é mais o centro de um vazio. Ao contrário, polariza uma das regiões mais dinâmicas do planeta, que ajudou a construir e que hoje não apenas lhe demanda o apoio, mas também a empurra para cima cobrando sempre mais, em um sadio e maduro processo de simbiose regional ascendente.
     A sete anos do tricentenário, sua data mais significativa no século, Cuiabá vive o melhor momento de sua história, impulsionada pelo desenvolvimento regional, linkada ao mundo e turbinada como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Nos seus 293 anos, mais do que reverenciar o passado e festejar o presente, é forçoso cuidar melhor do futuro. A Copa é um estratagema do Bom Jesus de Cuiabá para forçar nosso olhar para frente, para o positivo e o construtivo, um choque de adrenalina e capacitação, impelindo a nos colocar, cidadãos, políticos e dirigentes, à altura da cidade que temos. A cidade disparou; nós, ainda não. As eleições deste ano testarão como estamos para encarar toda esta dinâmica do presente e as enormes potencialidades do futuro.

domingo, 8 de abril de 2012

ANIVERSÁRIO DE CUIABÁ: 293 ANOS

                                                                      www.skyscrapercity.com

Aproveite para relembrar o Hino de Cuiabá em uma versão moderna, simpática e de grande qualidade:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=jMjDH9Y0WJU#t=40s
 













www.skyscrapercity.com
 
 
















                                                                     www. espacoturismo.com.br

sábado, 7 de abril de 2012

MANHÃ ENSOLARADA

Foto: José Lemos   
Quando o sol do início da manhã transforma o asfalto de preto em prata, com a Chapada ao fundo, é prenúncio de um dia tipicamente cuiabano. Aproveitem. Feliz Páscoa!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

CRYSTAL LAGOONS EM CUIABÁ

Crystal Lagoons desenvolve três projetos no Brasil de US$ 500 




     A empresa Crystal Lagoons anunciou investimentos de US$500 milhões em três projetos imobiliários no Brasil e que abrangem a construção de 3.200 moradias.
     A Crystal Lagoons, ligada ao que criou San Alfonso del Mar (complexo imobiliário localizado em um balneário turístico do centro do Chile), Fernando Fischmann, se associou para esses projetos no Brasil com o fundo de capitais chileno-brasileiro BC Genera, grupo criado para o desenvolvimento de produtos imobiliários no Brasil.
     O primeiro dos complexos residenciais estará localizado em Mato Grosso, na cidade de Cuiabá, sede do próximo Mundial de Futebol 2014. Abrange a construção de 1.250 unidades, entre casas e apartamentos, uma lagoa cristalina navegável de dois hectares, rodeada de areias brancas em um terreno de 36 hectares. Essa obra representa um investimento de US$200 milhões e, está previsto, que sua construção comece em abril de 2012.
     O segundo projeto, no Mato Grosso do Sul, terá 600 moradias e a terceira iniciativa será construída em Brasília, com 1.350 unidades (casas e apartamentos). Ambos possuirão uma lagoa cristalina navegável onde será possível praticar esportes náuticos, como caiaque e iatismo.
     A Crystal Lagoons tem 180 projetos em 45 países dos cinco continentes e que estão ligados a investimentos imobiliários de US$100 bilhões.
Fonte:http://www.khl.com/magazines/construcao-latino-americana/detail/item66947/Crystal-Lagoons-desenvolve-tres-projetos-no-Brasil-de-US$500-milhoes/
 
 
(Nota do Blog do José Lemos: Extraído de http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=803592&page=245    na seção Notícias de Mato Grosso do Sul)
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     Para quem não se atinou à dimensão da coisa, é só lembrar que esse grupo é proprietário do San Afonso del Mar, no Chile, complexo residencial e turístico das fotos abaixo:




infosurhoy.com
 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A ARENA DE MINHA JANELA

Veja como estão as obras da Arena Pantanal vistas de minha varanda hoje dia 5 de abril de 2012.

                                                                Foto: José Lemos
Compare com a situação no início do ano:

                                                                   Foto: José Lemos

Para tirar dúvida se a obra está "andando", veja a situação em agosto do ano passado:

                                                                    Foto: José Lemos

quarta-feira, 4 de abril de 2012

ZAHA HADID


No link abaixo uma entrevista curtinha da AU mas vale para conhecer um pouco da grande arquiteta, vangaurdista na arquitetura mundial e com a qual temos muito a admirar, muito a discutir e, principalmente, muito a aprender:

http://www.piniweb.com.br//construcao/arquitetura/entrevista-zaha-hadid-diz-que-niemeyer-foi-seu-precursor-255084-1.asp

Vale a oportunidade também para dar um passeio no seu site:

http://www.zaha-hadid.com/

terça-feira, 3 de abril de 2012

LUZES DA COPA

José Antonio Lemos dos Santos

Foto Patrícia Parente

     Dias atrás, subindo a Avenida do CPA fui surpreendido com todas as janelas iluminadas no grande hotel da esquina com a Miguel Sutil, há muito tempo em construção. Como cuiabano e arquiteto fiquei emocionado, afinal, aquele grandioso edifício de belíssima arquitetura já parecia estar condenado a se tornar uma imensa ruína em um dos pontos visualmente mais importantes da cidade. Fascinado com a inesperada visão, pedi à minha filha, que me acompanhava no carro, que fizesse uma foto com seu celular. Pela rapidez da ação e o movimento de veículos na avenida naquela hora a foto ficou meio tremida, mas valeu como um registro daquele momento do dia 22 de março. Para mim, as primeiras luzes do brilho que será a Copa do Pantanal em 2014.
     Provavelmente os proprietários daquela obra tenham sempre se empenhado em retomar a construção, pois arriscavam-se a ser responsáveis por um mastodonte abandonado marcando negativamente a paisagem de um dos principais cartões postais de Cuiabá. Como cuiabanos, claro que não era o que pretendiam. Além de um audacioso empreendimento hoteleiro, aquela obra iniciada há tanto tempo destinava-se a ser um elemento embelezador da cidade, um ornato citadino, e não um monstrengo em ruínas. Veio então a Copa apontando para um salto nas demandas sobre a cidade, em especial, no ramo da hotelaria, um considerável estímulo adicional para a viabilização da retomada das obras, assim como para a reciclagem de outros antigos edifícios e a construção de novas torres no mesmo período. Até outro dia, fora o resort de Manso, eram 15 torres em construção e algumas já inauguradas. Outros empreendimentos são aguardados, uma vez que, além de sua consolidação como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, Cuiabá polariza hoje uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta, com negócios e interesses ligados em todo o mundo, por conseqüência com uma demanda hoteleira sempre aquecida.
     Mesmo que alguns empreendimentos do gênero impulsionados pela Copa já estejam em pleno funcionamento - gerando conforto aos visitantes, e emprego e renda aos habitantes da cidade - o velho edifício ainda inconcluso tem um significado especial pelo seu porte, qualidade arquitetônica, localização e forte presença na paisagem cuiabana por tanto tempo, mesmo quando com as obras paralisadas. Ainda que em testes, as luzes acessas de suas janelas simbolizam muito bem o início da colheita dos frutos da Copa. A grandiosa ruína, que parecia irreversível, está viva de novo e recupera seu destino de grande empreendimento hoteleiro e um dos mais belos edifícios de cidade. Em meio a tantos problemas, as luzes lembram que em breve todas as obras da Copa também estarão iluminadas e em funcionamento.
     Sou cada vez mais otimista com o legado da Copa para Cuiabá e Mato Grosso, ainda que com preocupações pontuais com as essenciais obras do aeroporto e dos eixos principais da mobilidade urbana. Mesmo que a cidade não aproveite todas as oportunidades trazidas pela Copa, receberá um volume de investimentos que jamais veria nas próximas décadas sem ela, investimentos públicos e privados, estes também significativos, que não podem ser desprezados. Aliás, a iniciativa privada saiu na frente e já temos as luzes de seus primeiros resultados. Por outro lado, nestas últimas semanas grandes e importantes obras públicas receberam suas ordens de serviço e começam a sair do papel, além da Arena e do sistema Mário Andreazza, iniciadas há mais tempo. O estímulo e a cobrança, os aplausos e as críticas da cidadania, às vezes necessariamente duras, tem grande importância no que já está acontecendo e no muito que ainda vai acontecer.
(Publicado em 03/04/2012 pelo Diário de Cuiabá, Turma do Êpa e Hipernotícias, e no dia 04/04/12 pelo Midianews)