"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 24 de setembro de 2013

MATO GROSSO, FICO E FERRONORTE

José Antonio Lemos dos Santos

     Semana passada a presidenta Dilma e o governador Silval Barbosa inauguraram o terminal ferroviário de Rondonópolis avançando a ferrovia por mais um trecho em Mato Grosso. Mais que uma luta e sonho antigo dos mato-grossenses, a ferrovia em Mato Grosso é hoje uma necessidade imperiosa não só para o estado, mas para o Brasil e o mundo, pois trata-se da viabilização do estado de maior produção agropecuária do país e uma das regiões mais produtivas do planeta, que hoje encontra-se quase que asfixiado por uma logística de transporte com mais de 30 anos, ultrapassada em todos os seus limites de circulação gerando enormes perdas ao heroico produtor, ao estado e ao meio ambiente. Mais que isso, matando e mutilando nossa gente. 
     Agora em Rondonópolis a ferrovia encontra-se a apenas 450 Km de Nova Mutum e 560 Km de Lucas do Rio Verde, grandes polos produtores e centralizadores da produção mato-grossense. Mas para chegar lá da maneira mais rápida é preciso passar por Cuiabá. E aí reside o grande problema, pois por trás dessa questão da ferrovia estão em jogo dois projetos de futuro para Mato Grosso. Por um a ferrovia passa por Cuiabá e Várzea Grande, e pelo outro não, ou melhor, por este outro projeto a ferrovia não pode passar pela Grande Cuiabá. Como se trata do maior reduto eleitoral do Estado, esse jogo não é aberto por seus defensores, e tem sido habilmente dissimulado até agora. 
     O primeiro projeto é conhecido como Ferronorte tem quase 5 décadas e a cada ano se revela mais atual. Seu traçado segue a espinha dorsal do Estado, a BR-163, até aos portos de Santarém, com uma ou mais variantes para Porto Velho e ao Pacífico, possibilitando ainda extensões para Cáceres e mesmo para o traçado da Fico. Uma ferrovia para todo o estado, mantendo a integridade geopolítica que faz de Mato Grosso um estado otimizado e o de maior sucesso no país hoje. Uma ferrovia para levar e também trazer o desenvolvimento para todo o estado, não apenas uma esteira exportadora de soja. 
     O outro projeto secciona esse sistema em duas partes, com a Fico ao norte sequestrando a produção mato-grossense para Goiás, e a Ferronorte ao sul, amputada em Rondonópolis, onde foi inaugurado o maior terminal de cargas da América Latina. Este desenho logístico seccionado dividirá também a economia estadual, hoje unida, forte e respeitada. É evidente que este desenho propõe uma nova geopolítica para Mato Grosso, artificial, que quebra a unidade estadual cada vez mais forte e bem sucedida, centrada em Cuiabá. Daí a exclusão da capital, excluindo com ela também quase todo o Mato Grosso platino. 
     À luz deste risco seccionador ficam claras também as tantas demoras quanto à logística envolvendo Cuiabá. Enquanto se alongam intermináveis e redundantes estudos de viabilidade, nem o trem nem a duplicação rodoviária chegam a Cuiabá e nem a BR-163 chega aos portos de Santarém. O problema é que se chegarem antes da Fico, retardam sua viabilização. Que outra lógica sacrificaria uma ferrovia de 560 km por outra com mais de 1100 Km em uma situação de verdadeiro caos logístico? Por que não as duas? Em Rondonópolis a presidenta Dilma reafirmou seu compromisso com a Fico. A favor da Ferronorte só as referências do governador, um belo artigo do secretário Francisco Vuolo, o permanente grito das perdas econômicas, ambientais e de vidas pelas estradas, bem como o interesse dos chineses e italianos. É hora de comemorar a chegada da ferrovia a Rondonópolis, mas também de cobrar a continuidade da verdadeira solução para a questão logística em Mato Grosso, o estado campeão, unido e enxuto, sem risco de vê-lo de novo dividido, de volta à rabeira federativa, sem voz e sem vez. 
(Publicado em 24/09/2013 pelo Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A MAIS VIÁVEL DAS FERROVIAS - VI

transporteelogistica.terra.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

      Viva! A sonhada e tão necessária ferrovia avança mais um bom pedaço em território mato-grossense. Está prevista para a próxima sexta (20/09) em Rondonópolis a inauguração pela presidenta Dilma do maior terminal ferroviário da América Latina, com seus trilhos ligando o sul de Mato Grosso ao sul e sudeste brasileiro, aos seus mercados de consumo e a seus portos, ainda os maiores do Brasil. Agora é a vez de chegar a Cuiabá e daqui seguir para Nobres, Nova Mutum, Lucas, Sorriso, Sinop, até os portos amazônicos de Miritituba, Itaituba e Santarém. E também a Cáceres, com seu porto platino e suas sonhadas e também necessárias Zona de Processamento de Exportação e Base Aérea.
      Houve um tempo em que a ferrovia tinha por destino Cuiabá, que seria o fim da linha. A economia do oeste brasileiro ainda era insipiente. Hoje quando falamos na ferrovia chegar a Cuiabá falamos de continuidade no melhor e menor caminho, o de execução mais barata e rápida, sem Himalaias, Xingus ou Araguaias, para chegar ao centro de uma das regiões mais produtivas do planeta, responsável pela maior parte dos últimos superávits da balança comercial brasileira. Para quem viu por muitos anos a ferrovia parada lá nas barrancas paulistas, é uma alegria vê-la em Rondonópolis, “bem aí” a 200 Km de Cuiabá e a 560 km de Lucas do Rio Verde. E funcionando! Maiores distância e tempo de execução numa obra como esta são perdas econômicas e ambientais imensas, e, principalmente, perdas de vidas, ceifadas ou mutiladas diariamente nas rodovias mato-grossenses, as mesmas de 30 anos atrás e muito pioradas, desgastadas ao extremo pela utilização muito além daquela para a qual foram previstas, e pelo tradicional descaso federal para com nossas estradas, sem manutenção e acabamentos, sem sinalização, sem policiamento à altura. Não sou contra a FICO, mas, ante a urgência da solução logística para Mato Grosso não dá para entender sua priorização sobre a Ferronorte, mesmo com o dobro da distância, obstáculos geográficos, ambientais e antropológicos ainda a serem equacionados, para chegar a uma ferrovia (Norte-Sul) que ainda não funciona e a um porto (Ilhéus) que ainda não existe. 
     Só passando por Cuiabá e toda a BR-163, a espinha dorsal do estado, a ferrovia será de fato para Mato Grosso. O grande encontro natural dos caminhos nacionais e continentais por sua localização mágica no centro exato da América do Sul, Cuiabá sozinha viabilizou e puxou a ferrovia para Mato Grosso, mesmo quando o estado ainda não era o celeiro do mundo. Só de poucos anos para cá, estranhamente resolveu-se duvidar dessa viabilidade. Apesar de comitivas chinesas, italianas e de outros países manifestarem intenção e até pressa em investir na obra até Santarém, nossos governos insistem em estudos de viabilidade infindáveis, que parecem até buscar resultados contrários a esta ferrovia que na verdade é a mais viável do mundo, a mais urgente e necessária. Uma ferrovia não pode ser só uma esteira exportadora. Ela é também para trazer o desenvolvimento com o abastecimento das necessidades locais de insumos e mercadorias diversas, a custos menores pela redução dos fretes. E a Grande Cuiabá é o maior polo consumidor, concentrador e distribuidor de cargas do estado.
     Pergunto: teremos uma caravana de autoridades e lideranças políticas, empresariais e comunitárias de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, e todo Médio Norte, Norte e Oeste mato-grossense para festejar unidos em Rondonópolis a inauguração do grande terminal e ao mesmo tempo cobrar a continuidade imediata dos trilhos até Cuiabá e daqui para todo Mato Grosso ocidental? Em especial os políticos cuiabanos, sempre tão ocupados, terão tempo para um assunto como este? 

(Publicado em 17/09/13 pelo Diário de Cuiabá)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

LIÇÕES DO LUVERDENSE


José Antonio Lemos dos Santos

A formidável campanha do Luverdense nas competições nacionais deste ano, destacada pelo jogo com o Corinthians, o campeão mundial, traz uma série de importantes lições que não se limitam apenas ao campo do futebol. A primeira delas é a compreensão na prática da força midiática do esporte, em especial, do futebol. Seria possível mensurar o quanto valeu para a cidade de Lucas do Rio Verde e mesmo para Mato Grosso a divulgação positiva gerada pelo Luverdense? As cidades são antes de tudo centros produtores de bens e serviços, gerados em si mesmas ou em suas regiões de entorno. E Lucas e sua região, assim como todo Mato Grosso, têm muito a vender, e vende, para o Brasil e o mundo em todos os setores da agropecuária, assim como na mineração e no turismo. É bom que seja conhecida. Tão logo o Luverdense foi sorteado para pegar o Corinthians, um grande comunicador da TV brasileira perguntou de que planeta era aquele time. No dia seguinte ao primeiro jogo quando o time mato-grossense venceu o campeão mundial, um outro comentarista famoso afirmava em rede nacional que Lucas do Rio Verde havia entrado no mapa do mundo. Quanto bem o Luverdense fez para a cidade que representa e para o próprio estado. 
     Sempre imaginei que o poder midiático do futebol fosse importante para mostrar ao Brasil e ao mundo nossas riquezas. Os jogos do Luverdense confirmaram que aqui no Brasil muitos dos importantes formadores da opinião pública nacional ainda desconhecem que o Tratado de Tordesilhas deixou de existir em meados do Século XVIII e ainda não se voltaram para o ocidente do imenso Brasil. Podem saber tudo do mundo, mas alguns desfilaram despudoradamente ao vivo e à cores suas vastas ignorâncias sobre o nosso país. Ainda são do tempo de Anchieta, quando os brasileiros viviam arranhando as costas do Brasil. Serviu também para mostrar que aqui mesmo em Mato Grosso a maioria de nós não conhecia o Luverdense e, por conseguinte, não conhecia também o Cuiabá e o Mixto, para ficar apenas no vice-campeão e campeão estadual deste ano. E a maioria ficou orgulhosa do que viu, assim, talvez passe a frequentar os estádios apoiando nossos times e nossos jogadores. Vale a pena deixar de vez em quando nossos ídolos nacionais e internacionais de feixes eletrônicos televisivos e torcer um pouco pelos nossos atletas reais de carne osso, moradores dos nossos bairros, que buscam viver aqui honestamente do futebol. 
     Lucas do Rio Verde mostrou extrema competência para aproveitar a oportunidade que o futebol lhe ofereceu. Em 15 dias duplicou a capacidade de seu estádio, pequenino, mas sempre bem arrumado. Não aceitou o canto das sereias que prometia levar o jogo para Brasília ou Goiânia em troca da arrecadação. Ganhou muito mais e não fez feio. Enquanto isso aqui em Cuiabá, na sede da Copa do Pantanal, foi prometida mas não ampliada a capacidade do Dutrinha, nem melhoradas suas condições de conforto, desde a demolição do Verdão. Por falta de um estádio para 10 mil pessoas o Cuiabá em 2011 teve que decidir sua ascenção à série C em Rondonópolis contra o poderoso Santa Cruz. Este ano está prestes a acontecer o mesmo com o Mixto. Será que os responsáveis estão cientes que desta vez terão que se ver com a torcida do Mixto? Desde que exista interesse e compromisso, existe também solução emergencial rápida, de qualidade e segura, conforme nos ensinou Lucas. Mas a gente perde o entusiasmo quando fica sabendo que o apagão no Dutrinha, domingo passado, na hora do jogo decisivo do Mixto rumo à série C foi por que a Cemat programou a troca de um transformador nas proximidades do estádio e não sabia do jogo. Pode? Assim é difícil. Ainda bem que a greve do DNIT terminou ontem. Viva! 
(Publicado em 10/09/2013 pelo Diário de Cuiabá)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A ARENA DE MINHA JANELA

Veja como estava a Arena Pantanal vista de minha varanda hoje, 4 de setembro de 2013. Dá para ver que começam a ser implantadas as estruturas das coberturas apoiadas no pórtico norte (à direita) e a pavimentação da área externa.  Ao final desta postagem tem uma reportagem da TVCA de final de julho sobre o cronograma da obra, bem como um link do G1.com.br com um galeria de fotos internas da obra no mês trasado. Veja:

Foto José Lemos

Veja com estava no mês passado (04/08/13):


Foto: José Lemos

Dá para comparar com a situação em  4 de julho de 2013:  
Foto: José Lemos

E com a do mês de junho (04/06/13:


Foto: José Lemos

Ou no início do ano passado (14/01/12):
Foto: José Lemos


É para ficar pronta em outubro de 2013. Confira com a maquete para ver se está indo tudo certo:

Veja no link  abaixo reportagem de final de julho/13 da TVCA sobre a obra:

Veja no link abaixo uma seleção de fotos do G1 das obras vistas internamente postadas ontem (04/06/13):


No link abaixo tem também uma seleção de fotos do G1 das obras vistas internamente no mês passado (02/05/13):


Reveja a reportagem do Bom Dia Mato Grosso do dia 4 de janeiro passado sobre as obras:

http://g1.globo.com/videos/mato-grosso/bom-dia-mt/t/edicoes/v/novo-turno-de-trabalho-e-implantado-na-construcao-da-arena-pantanal/2326756/

terça-feira, 3 de setembro de 2013

ORLA CUIABANA

g1.globo.com

José Antonio Lemos dos Santos

     No último dia 27 o prefeito de Cuiabá apresentou amplo projeto destinado a revitalizar urbanisticamente a região da Beira-Rio no antigo bairro do Porto. Sem entrar no mérito do projeto técnico que sempre envolve pontos sujeitos a questionamentos e ajustes, inclusive de ordem ambiental e de patrimônio histórico, no geral gostei da proposta, pois significa que a atual administração assumiu posição em direção ao futuro, propondo-se a projetos que desenvolvam as potencialidades da cidade. Cuiabá é uma jovem de 300 anos que tem um passado riquíssimo, um presente altamente dinâmico, mas que também tem um futuro extraordinário a ser desenvolvido. Centralizando uma das regiões mais dinâmicas do planeta e vivendo sob a alta pressão positiva das demandas regionais, Cuiabá tem no equacionamento de suas perspectivas e potencialidades de futuro a única alternativa de desenvolvimento sustentável e seguro, inclusive, de solução de suas carências atuais, entre estas o respeito e a valorização do passado. 
     Parece ser uma decisão fácil, mas não é. Projetar o futuro implica em escolhas, priorizações e decisões que de um modo geral implicam em polêmicas. Nunca agrada a todo

mundo. Fingir que está tapando buracos, apagando incêndios é muito mais fácil, pois passa a ideia de um governo trabalhador, que arregaça as mangas, quando na verdade está apenas enxugando gelo, jogando para a plateia, não resolvendo os problemas do presente e deixando escapar as potencialidades do futuro. E Cuiabá tem muitas potencialidades a ser desenvolvidas diretamente pela prefeitura ou cobradas por esta à outras instâncias de governo ou mesmo à iniciativa privada. Sua centralidade regional talvez seja a mais importante, o lugar mágico cujas enormes vantagens comparativas a impulsionam para cima. Potencializada renderia muito mais, sem risco de ser perdida para outros polos que trabalham nesse sentido. A Copa do Pantanal é a potencialidade mais urgente e a vontade do prefeito em concluir o Projeto Porto até a Copa é também um sinal de que a prefeitura finalmente assumiu o mega evento, até então meio desprezado pelo município. Temos ainda o Centro Geodésico da América do Sul, o gás natural abundante, o Porto Seco, o aeroporto internacional, a convergência de 3 BRs, a barragem de Manso com suas múltiplas finalidades, a ferrovia a 200 km e, em breve, uma das poucas arenas do país, viabilizadora de grandes eventos nacionais e internacionais. 
     O rio Cuiabá é uma das maiores potencialidades da cidade, neste caso oferecida de graça pela natureza, como o Coxipó e os 21 córregos que a cortavam irrigando o verde, distribuindo frescor e enriquecendo a paisagem. O rio Cuiabá é o maior equipamento urbano da Grande Cuiabá, bem ao centro da região metropolitana, de uma imensa potencialidade abrangendo história e cultura, o abastecimento alimentar, tanto de peixes como de água, saneamento, composição climática e paisagística, fauna, flora, turismo, bem como o lazer ativo e contemplativo para todos os gostos, do popular ao sofisticado.
     Incrível mas a cidade virou as costas para essa imensa riqueza. O rio precisa ser resgatado em sua integridade, não só por Cuiabá, mas também por Várzea Grande. Não se trata de tarefa fácil, mas é possível e não pode ser esquecido que algumas boas tentativas já foram feitas ao menos desde a década de 70 com a própria implantação da Beira-Rio, também corajosa e polêmica à época. A descontinuidade administrativa tem sido o principal obstáculo. A cada abandono o retrocesso é imenso. Como assegurar que este projeto uma vez implantado seja cuidado e respeitado com o mesmo carinho pelas administrações posteriores? 

(Publicado em 03/09/2013 pelo Diário de Cuiabá)

domingo, 1 de setembro de 2013

A TRINCHEIRA DO SANTA ROSA

Veja a situação das obras da Trincheira do Santa Rosa hoje, 01/09/13:
01/09/13                                                                                                 Foto FCLS

01/09/13                                                                                             Foto FCLS

01/09/13                                                                                                   Foto FCLS





Compare a situação  em 3 meses de obras, entre 31/05/13 e hoje:

31/05/13                                                                    Foto FCLS