"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 26 de novembro de 2013

APROVEITAMENTO MÚLTIPLO DE MANSO

copadopantanal.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     Semana passada os governos federal e do estado entregaram os primeiros certificados de concessão de uso na Área Aquícola da Usina de Manso, em um programa nacional que visa à autossuficiência do Brasil na produção de pescados. Em julho deste ano já havia acontecido um fórum no Palácio Paiaguás tratando do uso das águas de Manso para irrigação na Baixada Cuiabana. Os 2 projetos têm tudo para dar certo e, oxalá os tanques criatórios e as plantações irrigadas produzam muito emprego, renda, e alimentação farta e barata para a população, com muito peixe. Para Cuiabá e Mato Grosso esta notícia é mais especial ainda, pois ela também vem no sentido do desenvolvimento das múltiplas finalidades de Manso, que sempre foram desprezadas. Manso é muito mais que uma hidrelétrica, por isso tem um lago maior que a Baía da Guanabara e 10 vezes o lago de Brasília. Falta o aproveitamento. 
     Manso surgiu da trágica cheia de março de 1974 do rio Cuiabá, que destruiu os bairros do Terceiro, Barcelos e Ana Poupino, os mais populosos de Cuiabá na época. O governo Geisel, recém- empossado, logo determinou a demolição do que restou dos bairros e a construção de conjuntos habitacionais para a população flagelada. E mais, determinou a realização de estudos para impedir novas inundações daquela magnitude. Daí surge Manso como um equipamento de proteção urbana com objetivo específico de reduzir as cotas das cheias do Cuiabá, isto é, um “açudão”. Embora quase não noticiado, Manso já cumpriu essa finalidade em 2002 e 2010, impedindo que volumes de água superiores ao registrado em 74 chegassem a Cuiabá. Ainda que fosse só por este objetivo, Manso já teria valido a pena e deve ser tratada como um dos mais importantes equipamentos urbanos de Cuiabá e Várzea Grande. 
     Depois, já em 1978, no antigo Minter, na Comissão Técnica criada pela Lei da divisão de Mato Grosso, participei de algumas soluções técnicas importantes como a transformação do projeto de Manso do “açudão” original em um empreendimento de aproveitamento múltiplo de barragem, pioneiro no Brasil. Na ocasião, buscando solucionar a questão energética, na época o principal problema do estado, a Comissão da Divisão e o governo do estado propuseram a energização do “açudão”, cuja construção se iniciaria naquele ano e que foi então suspensa para revisão geral do projeto, que adotou a filosofia do uso múltiplo. Manso passou então a ser geradora de energia e a ideia da proteção urbana foi ampliada para a de regularização de vazão do rio, garantindo uma cota mínima nas secas além da redução das cotas máximas nas cheias, com previsão ainda de abastecimento de água para Cuiabá e Várzea Grande e programas de irrigação no vale do Cuiabá, sendo que seu lago poderia também receber projetos de piscicultura, turismo e lazer. Graças a Manso a vazão mínima do rio Cuiabá em Cuiabá hoje é mais que o dobro das vazões mínimas anteriores à barragem, que tanto nos apavoravam com as perspectivas do rio secar e acabarem os peixes.
     Manso foi projetada com uma filosofia otimizadora de barragens usada no mundo inteiro, mas até hoje tem seu uso restrito à geração de energia e à regulagem de vazão. O projeto de aquicultura que agora tem início, assim como a discussão do projeto de irrigação da Baixada Cuiabana bem que poderiam ser sinais concretos do fim do desperdício burro desse imenso potencial de desenvolvimento que significa Manso com todas as suas possibilidades. E, em sendo assim, que Manso puxe também o aproveitamento das imensas perspectivas do gasoduto e do Porto Seco, também desprezadas até hoje. 

(Publicado em 26/11/2013 pelo Diário de Cuiabá)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

RENOVANDO LEMBRANÇAS

MOACYR FREITAS - é arquiteto e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso

É importante saber que também outros colegas observam a pouca urgência ou descaso que sofre nossa capital no trato da sua parte mais querida.
Várias vezes tenho escrito o meu lamento; magoado; vendo o desprezo que dão a minha cidade natal.
Aqueles que me conhecem sabem da minha atividade como profissional ativo que fui. Hoje, pela idade, apenas coisas escritas posso oferecer. São mais lamentos do que outra coisa.
Leio o que escrevem outros colegas, como José Antônio Lemos, e suas palavras tocam-me ao reconhecer que estão eles também provocando os insensíveis governantes para corrigirem o rumo que vêm dando no trato da nossa cidade envelhecida.
O tempo vai passando e nada de concreto acontece em relação a revitalização do seu patrimônio histórico cultural. Não é por falta de informação histórica.
Quantos novos cuiabanos gostariam de reconhecer os lugares históricos de sua cidade natal?! Não me refiro aos turistas, mas aos nossos nativos que não veem reconhecidos os lugares onde seus antepassados realizaram seus relevantes feitos contados na história. Por que não são revelados?
Daí, porque ainda insistimos com nossos governantes para que se esforcem, se apressem para dar-lhes essa resposta. Para não ficar “parecendo que não existe nada lá atrás”, como escrevera assim nossa colega professora da UFMT, Luciana Mascaro.
Quantos lugares que nenhuma referência a eles aparece! Como: 

- O beira-rio de São Gonçalo Velho, com a história de suas capelas primitivas, a do primeiro local e a do bairro do Porto, hoje com a imagem do santo padroeiro;

- A antiga Cervejaria Cuiabana do Porto, cujas dependências ainda existem. Ela foi muito ligada à história da cidade;

- Gasômetro do Porto, que localizei seus restos construtivos semi-enterrados, próximo ao camelódromo da av. Prainha;

- Deveriam estar no Museu Histórico de Mato Grosso sessenta telas (60x80 cm), que mostram a história de Mato Grosso no seu período colonial e provincial, numeradas em sequência histórica. Última vez que as vi, pouco mais de vinte estavam expostas. Mesmo assim, misturadas a outras coisas, sem a ordem numérica. Nenhum outro Estado da Federação tem sua história contada em telas, observara, certa vez, uma professora de história da UFMT.

Nesse mesmo Museu, está a miniatura do bonde puxado por burros que existiu em Cuiabá no início do séc. XX. Ninguém comenta ter visto essa miniatura! Eu mesmo a construí e doei ao Museu, protegido numa redoma de vidro. Será que ainda lá existe?

- A antiga hidráulica do Porto. Ainda está lá o abrigo das máquinas com acesso e tudo, próximo ao Museu do Rio e Aquário. Lembraram e restauraram a Caixa D’água Velha, mas esqueceram dela, a primeira hidráulica;

- O histórico Cemitério do Cai-Cai... O local dele, hoje é uma pracinha margeando a Rua São Sebastião, que ocupa apenas a metade da área.

- A Casa da Pólvora no Parque Mãe Bonifácia, onde ficavam isolados os variolosos da epidemia que assolou Cuiabá, após a Retomada de Corumbá na Guerra com o Paraguai;

- Muitas edificações no Centro Histórico estão ligadas à história da cidade, algumas foram lembradas... Vê-se outras ainda com possibilidades de preservação, antes que desmoronem, como aconteceu com a residência do historiador Rubens de Mendonça. Acredito que no antigo Largo do Sebo, Praça da Mandioca ou Conde de Azambuja, estejam ainda lá a Casa de Fundição de Cuiabá do séc. XVIII; 

- A Santa Casa de Misericórdia... Seu primeiro pavilhão é do séc. XVIII;

- E as igrejas!... Quanta história! É preciso mostrá-la, assinalando os locais nas praças com placas elucidativas, com banco e chafarizes próximos, por causa do calor. Para sua contemplação e meditação. Que tenha boa iluminação e bem vigiadas, diuturnamente.

Vamos amar de verdade nossa Cuiabá.
Esqueçam um pouco os passos da política; ela só perturba o rumo e o ritmo da administração, tirando atenção dos governantes a sua verdadeira missão. Infelizmente, não podemos impedir isso. Que pena! Continuamos esperando...

(Publicado em 18/11/2013 pelo Midianews)

A ARENA VISTA PELA CÁSSIA

Veja a Arena em 20/11/2013 nas fotos da arquiteta Cássia Abdallah tiradas de seu apartamento.


Fotos: Cássia Abdallah

terça-feira, 19 de novembro de 2013

MUITA COISA BOA

Edson Rodrigues/OlharDireto


José Antonio Lemos dos Santos

     Às vezes o mais difícil em um artigo é definir o assunto, neste em especial, ante tantas coisas boas que estão acontecendo e não podem passar despercebidas. Resolvi então tratar tudo o que me vier à cabeça, enquanto der no texto. Puxo a lista com o início das inaugurações das obras da Copa com as pontes sobre o Coxipó, uma ligando a Rua Antonio Dorilêo à Beira-Rio, aliviando a Fernando Correia e trazendo conforto à grande parte da população do Coxipó; a outra no Jardim das Palmeiras ligando a Fernando Correia à Archimedes Lima, então isoladas entre si por quilômetros, desde o Boa Esperança até o Tijucal. Marcada para ontem à noite, a inauguração do viaduto do Despraiado abre o ciclo das obras maiores e visa desbloquear o acesso àquela importante área da cidade. Nas fotos aéreas está muito bonito, mas quero passar por cima dele para avaliar melhor. 

MaykeToskano/Secom-MT


     Gostei também dos nomes escolhidos para os novos equipamentos urbanos, em especial os dos engenheiros Quidauguro Fonseca e Domingos Iglésias Valério os quais tive a sorte de conhecer pessoalmente me ensinando grandes lições de cidadania e respeito para com a profissão e a coisa pública, sem perder a simplicidade e a gentileza no trato das pessoas apesar de todos os desafios que venceram e os cargos que ocuparam. Se ainda não foram lembrados e minha intromissão não atrapalhar o processo de escolha dos homenageados, tomaria a liberdade de lembrar os professores Sátyro Castilho e Júlio De Lamonica Freire por tudo que fizeram pela cidade, em especial na criação do CPA e nas implantações da própria UFMT e do curso de Arquitetura na Unic. 
     Ainda ligado à Copa, no dia 6 de novembro chegou afinal a primeira composição do VLT a Cuiabá. Outras 4 estão navegando, devendo chegar aqui em dezembro. Agora um novo desafio, o de fazê-lo funcionar em articulação com os outros modais garantindo um elevado padrão de mobilidade urbana para a cidade e seus cidadãos. Também em função da Copa, mas um assunto pouco comentado, Cuiabá ganhou no dia 4 de julho o privilégio de ser uma das poucas cidades do Brasil a dispor da internet 4G, a mais rápida e moderna conexão móvel do país. Sabe quando seríamos prioridade sem a Copa? Nunca. Resta que saibamos aproveitar esta vantagem comparativa extraordinária. A última boa sobre a Copa é o esgotamento dos ingressos disponibilizados pela FIFA para os jogos na Arena Pantanal. Para alguns a Arena não teria público. Ainda bem que comprei logo o meu para o primeiro jogo. Assisti ao primeiro e ao último jogo do Verdão. Se Deus quiser estarei presente na inauguração da Arena Pantanal e no primeiro jogo da Copa.
     Extra Copa, não pode ser esquecida a realização dos Jogos dos Povos Indígenas, transformando a cidade na capital indígena das Américas. Espetáculo de vida, cores, cultura e integração, acho que Cuiabá podia ter aproveitado melhor o evento em termos de divulgação nacional e internacional, atraindo mais visitantes entre os simpatizantes e estudiosos da cultura indígena dispersos pelo mundo. 
     Tivemos ainda a anulação pela Justiça das alterações propostas pela Câmara de Vereadores na Lei do Uso e Ocupação de Solo Urbano de Cuiabá. Se forem necessárias alterações, que sejam em bases técnicas e conforme os ritos legais. A semana trouxe também a conclusão do processo dos “mensaleiros” e uma nova, inteligente e simpática forma de protesto trabalhista com os jogadores do campeonato brasileiro recusando-se a jogar por 1 minuto em uma das rodadas em prol de melhores condições de trabalho. Uma prova de que as antipáticas e improdutivas greves, que só trazem prejuízo ao povo, possam um dia ser substituídas por alternativas de luta mais eficientes e criativas? 
(Publicado em 19/11/2013 pelo Diário de Cuiabá)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

REPROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

José Antonio Lemos dos Santos
historiabrasileira.com

     Tenho comentado algumas vezes neste espaço sobre o bizarro método brasileiro de combate à corrupção onde ao ser identificada uma obra corrompida imediatamente a obra é suspensa, mas os corruptos não. Ao pretexto de combater a corrupção – que anda à solta - foi criado um cipoal jurídico-burocrático que praticamente impede o início de qualquer obra ou sua conclusão, mas os responsáveis pelas supostas irregularidades permanecem incólumes gerindo ou legislando sobre a coisa pública. Desnecessário citar exemplos. Aliás, o primeiro grande benefício trazido pela Copa ao país foi escancarar ao mundo e a nós mesmos que o Brasil ficou incapaz de realizar qualquer obra ou serviço com prazo definido, desde as festivas como a Copa, até as emergenciais como as obras de prevenção às tragédias urbanas de verão. Para cumprir os prazos fixos da Copa foi preciso criar uma lei (RDC) autorizando o descumprimento das leis normais, caso contrário nada sairia. 
     Semana passada em Pelotas a presidenta Dilma manifestou-se sobre o assunto dizendo ser “um absurdo paralisar obra no Brasil, você pode usar de vários métodos, mas paralisar obra é algo extremamente perigoso. Por quê? Porque depois ninguém repara o custo." Corretíssima. Mas faltou o outro lado, o que trata dos corruptos, ou a imprensa não destacou. Contudo é importante a mais alta autoridade do país ter levantado o assunto. Emblemático, temos aqui em Mato Grosso o caso do Hospital Central do Estado, cujas obras, então quase concluídas, foram paralisadas na década de 80 por irregularidades que parecem não ter sido comprovadas após 30 anos das idas e vindas processuais. Além do prejuízo financeiro, e a perda sofrida pela população com a falta desse equipamento que lhe seria tão importante? 
     Outro dia o papa Francisco nos exortou à tarefa de reabilitar a Política como uma das formas mais elevadas da caridade. Ao menos no Brasil, nos dias de hoje nada parece mais distante da caridade do que a política. Mas a Política a que se refere o papa é aquela com “P” maiúsculo, a da doação do cidadão à causa do bem comum, da coisa pública, a “res-publica” que deveria ser o objetivo máximo de uma nação proclamada republicana no dia 15 de novembro de 1889. Acontece que os tempos passaram e as saúvas corromperam a República e a arte nobre da verdadeira Política que perdeu o “P” maiúsculo e o foco no bem comum. A coisa pública passou a ser tratada como um butim eleitoreiro a ser usado em função de interesses pessoais, grupais, empresariais ou partidários que se misturam a cada 2 anos iludindo o cidadão eleitor, que termina pagando o pato em todos os sentidos, ao perder sua nação e sua cidade, pagar a conta e ainda ficar com a culpa de tudo. As imagens recentes de um coronel da polícia e de um secretário municipal apanhando publicamente são imagens de uma nação que virou fumaça. Só se salvará quando e se resgatada pela cidadania. Ou seja, é preciso que a República seja reproclamada. E urgente!
     Cuiabá tem uma ligação histórica especial com a República, pois além de ter alguns de seus filhos entre os líderes da Proclamação, teve Dutra como presidente, Dante como restaurador das eleições diretas e os marechais Deodoro e Floriano Peixoto como moradores antes de serem os primeiros presidentes da República. O proclamador de República inclusive casou-se aqui e Floriano foi presidente da província, orgulhoso de ter um filho cuiabano, segundo Rubens de Mendonça. Semana passada o historiador Laurentino Gomes nos alertou em seu blog sobre o estado de abandono e ruínas da casa que ele identifica como a do marechal Deodoro em Cuiabá. Acrescento, em ruínas não apenas sua casa, mas também a República que proclamou. 
(Publicado em 12/11/2013 pelo Diário de Cuiabá)

sábado, 9 de novembro de 2013

SERÁ QUE ESTOU AJUDANDO?


 Midianews

Moacyr Freitas

Sabemos que a cidade vive dos que vivem nela. É muito certa essa afirmativa. Por que, então, não tratar bem as pessoas que andam a pé pela cidade e que dão animação e vigor a ela?
Diante das inúmeras desatenções a essas pessoas é que cheguei a conclusão de que algo está mal focalizado na administração da nossa cidade. Numa análise da administração senti muito pouco aplauso a ela porque a estrutura do seu governo não visa o objetivo imediato de satisfazer as pessoas no que lhes toca mais de perto.

Vê-se muita preocupação com aquelas que estão dentro dos seus meios de transportes, os automóveis; por onde estes transitam e onde estacionam. Porém, nenhuma ou pouca preocupação com aquelas outras que andam a pé.

Sabemos que não se atinge todos os lugares dentro de veículos. Por isso os caminhos dos pedestres devem ser bem mais cuidados para dar satisfação aos que transitam por eles. Porém, isso não se vê por aqui. 

Muita atribuição a uma mesma secretaria faz com que ela se torne dispersiva. A importância dos pedestres é tanta que mereceria um departamento exclusivo para cuidar apenas deles. São eles os responsáveis pela vida da cidade. 

São as pessoas que caminham pelas calçadas, pelas praças, jardins, largos e parques...Deve-se cuidar para que neste caminhar não sofram, não se aborreçam, mas sintam satisfação de andar na cidade onde nasceram ou escolheram para morar e viver.

Solucionando apenas outros problemas, foge-se da mais importante para o louvor imediato da ação do prefeito. Ainda que outras atenções sejam necessárias, elas não tocam de perto no sentimento da maioria dos moradores efetivos da cidade que, sentindo-se desprezados, não aplaudirão a administração.

Os pedestres merecem atenção imediata porque eles estiveram na frente para construir a cidade, para formarem a sociedade. Os transportes coletivos vieram depois.

A estrutura administrativa deveria ser dividida em duas vertentes apenas: das pessoas saudáveis e das pessoas sem saúde perfeita. As saudáveis, naturalmente, usufruiriam com satisfação de todo equipamento social criado para elas. Para dar vida à sociedade. As adoentadas seriam tratadas com equipamentos outros apropriados para seu pronto restabelecimento. Teríamos assim, uma administração cuidadosa, para o bem-estar da população e não para o seu desassossego. 

O começo seria por onde as pessoas andam; pelas escolas onde suas crianças estudam; pelos espaços onde buscam seu lazer; por onde os mais idosos encontram convívio saudável de muita paz, carinho e tolerância.
Depois, os cuidados maiores com transportes coletivos e de cargas tão necessários para grandes distâncias e abastecimento da cidade. Os dois poderiam ser tratados simultaneamente.

Porém, repetindo, a atenção imediata deve ser dada para os que andam a pé. São os cuidados que se devem ter com as calçadas, com pisos apropriados, retirando deles os entraves que atravancam ou causam acidentes e poluições aos que nelas caminham. Deve-se dotá-las com arborização apropriada e de arbustos que lhes deem sombras e ainda cobertura vegetal de áreas para absorção do calor. Nos largos e praças, beneficiar as pessoas amenizando a temperatura do ar com borrifos de águas de chafarizes ou com as prazerosas presenças de lâminas d’água em pequeno ou sinuoso lagos, ou a visão maior de água em abundância do rio e nos parques, onde as pessoas possam deles usufruir em passeios embarcados...

Observa-se que apesar de existirem lugares assim propícios, não chegaram neles esses tratamentos como ocorre com o Parque Mãe Bonifácia, o mais famoso, que não tem o seu esperado lago projetado. 

Acredito que estas lembranças poderão ser úteis aos que cuidam de nossa cidade, os que amam Cuiabá.

Todas as Administrações têm a clássica preocupação: educação, saúde, transporte e segurança. Contudo, esquecem da prioridade, aqueles mais antigos, descendência que montaram a sociedade para os que vieram depois.

Conclui-se que a atenção deveria partir do Centro Histórico e do Porto. 

“A cidade vive dos que vivem nela”. Observou nosso saudoso radialista cuiabano João Alves de Oliveira, meu prezado parente e amigo de infância e juventude.


MOACYR FREITAS é arquiteto e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
(Publicado em 07/11/2013 pelo Midianews)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

DIA MUNDIAL DO URBANISMO

Emblema do Urbanismo:sol, vegetação, ar                        caudf.org.br


José Antonio Lemos dos Santos

     A cidade constitui a maior, a mais complexa e bem-sucedida das invenções do homem. Surgida há 5 mil anos, com ela veio a civilização que acelera a evolução humana. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e a partir de 2008 já é mais urbano que rural.
     Com a Revolução Industrial a cidade viveu seu momento de maior inflexão até os dias atuais. Até então ela não fora questionada, ainda que tenha enfrentado importantes crises em seu desenvolvimento. Com a industrialização, a urbanização acelera e as cidades se desequilibram gravemente, exigindo controle e intervenções em seu desenvolvimento. Surge então a ciência do Urbanismo, que evolui e supera a etapa do urbanismo modernista da Carta de Atenas – implodido em Pruitt-Igoe - passa pelas experiências pós-modernistas do Novo Urbanismo Americano e chega à revolução da eletrônica, da internet e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e das possibilidades das cidades inteligentes, verdes e sustentáveis.
     De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles ou às megarregiões urbanas, chegando aos milhares de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regional e globalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
     Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e abrange os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. O urbanista não pode ser um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, saber que esse conhecimento, embora indispensável, é nada sem a companhia das diversas especializações técnicas nas múltiplas facetas da cidade e da problemática urbana.
     8 de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo, criado em 1949 para uma reflexão global sobre o assunto. As cidades de novo vivem uma inflexão profunda diante da revolução dos satélites, das fibras óticas e da internet que acena com perspectivas inimagináveis desconstruindo conceitos fundamentais como tempo, espaço e distância colocados agora no seio da realidade fantástica do ciberespaço, mas ainda atolada no drama da iminência do colapso com a água, lixo, mobilidade, poluição, energia, emprego, fome, moradia e segurança. Mesmo diante de tantas perspectivas extraordinárias, o problema maior do século XXI são as cidades. E as cidades falhando, a civilização explode.
     Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como podem existir cidades sem órgãos técnicos especializados que a estudem contínua e sistematicamente, apresentando à cidadania alternativas para suas perspectivas de desenvolvimento? Ainda mais nestes tempos dos grandes investimentos da Copa e da grave crise da mobilidade urbana. A falta do Urbanismo asfixia as cidades brasileiras que estressam, mutilam e matam. Mas ainda são os locais da diversidade e da inovação. O surgimento do CAU no ano passado e a Conferência Nacional das Cidades agora em novembro são esperanças. Crise é risco e oportunidade. Junto à possibilidade da tragédia está a oportunidade da reinvenção urbana em busca de cidades mais justas, seguras, sustentáveis e humanas. E da própria reinvenção do homem. 

(Publicado em 05/11/2013 pelo Diário de Cuiabá)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

TRINCHEIRA DO SANTA ROSA

Veja a situação das obras da Trincheira do Santa Rosa  ontem (31/10/13):

                                                                                                              Fotos FCLS


Dá para comparar com a situação 2 meses atrás (01/09/13):
01/09/13                                                                                                 Foto FCLS

01/09/13                                                                                             Foto FCLS

01/09/13                                                                                                   Foto FCLS

Compare a situação  em 5 meses de obras, entre 31/05/13 e hoje:

31/05/13                                                                    Foto FCLS