"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sexta-feira, 19 de agosto de 2016

MANSO


Foto Diário de Cuiabá

José Antonio Lemos dos Santos

     Prosseguindo na trilha dos fatores positivos disponíveis para o desenvolvimento da Baixada Cuiabana, neste momento de eleições e de elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Vale do Rio Cuiabá (PDDI), destaco a “Barragem de Manso” que é como se conhece a “APM de Manso”, nome reduzido para “Aproveitamento Múltiplo de Manso”, barragem localizada no rio de mesmo nome, afluente do rio Cuiabá. Este artigo baseia-se em lembranças pessoais, contando com a ajuda do engenheiro elétrico Roberto Loureiro que também viveu os fatos, visando ser apenas indicativo para futuras prospecções técnicas pelos órgãos afins, caso desperte algum interesse.
      A “APM de Manso” surgiu de dois problemas que convergiram para uma mesma solução, agregando em seguida a solução de outros problemas.   Vivenciei o início desse processo na calamitosa cheia de 1974 em Cuiabá como recém-formado voluntário, quando o então ministro do Interior determinou a realização de estudos para que Cuiabá não sofresse mais tragédias como aquela. Daí surgiu Manso. Depois em 1978 como membro da Comissão Especial da Divisão do Estado em Brasília, quando em conjunto com o governo do estado, decidiu-se pela energização de Manso, pois o novo governo federal não assumiu o projeto da Usina do Funil, à época a principal aspiração dos mato-grossenses. A alteração de projeto, levou a outras perspectivas de otimização do empreendimento, transformando-a no primeiro projeto de aproveitamento múltiplo em barragens no Brasil, o “Programa de Aproveitamento Integrado das Águas do Cuiabá e seus Afluentes”. E seria a primeira a ser construída, não fosse o espírito crítico de nós cuiabanos sobre nossas coisas e projetos que nos dizem respeito.
     A função que deu origem a Manso foi reduzir as cotas máximas das cheias do rio Cuiabá, evitando as inundações urbanas, função depois ampliada para garantir também uma cota de água mínima de 1 metro, evitando o risco que se anunciava do rio “cortar”. Sucesso total pois já em 2002, seu primeiro ano, Manso impediu uma vazão superior à de 1974, e impediu outras depois. Quanto à cota mínima, meu fornecedor no mercado diz que o rio ficou melhor para peixe. Um desafio para os futuros vereadores e prefeitos da Baixada, bem como para o PDDI é determinar, a partir de bases técnicas, se a cota de inundação, hoje 150m, deva ser ou não reduzida para efeito de ocupação urbana.
     Não houvesse Manso Mato Grosso teria entrado em crise energética alguns anos atrás, apesar de sua relativa baixa potência. Mais ainda, Manso previa à jusante de seu reservatório 3 outras usinas a fio d’água, Rosário, Jangada e Funil, para gerar cerca de 400 MW sem a construção de outra barragem de grande porte. Entre seus múltiplos aproveitamentos está também o abastecimento de água para as cidades do rio Cuiabá abaixo através de aqueduto trazendo por gravidade água já decantada da barragem. Manso é uma caixa d’água pronta a 100 metros acima de nossas cidades. Mereceria ao menos um estudo de viabilidade?
rdmonline.com.br

     E tem mais. O programa de aproveitamento integrado das águas do Cuiabá e seus afluentes previa ainda a irrigação de 50 mil ha na Baixada Cuiabana, gerando empregos, renda e qualidade alimentar. Em julho de 2013 houve até um fórum sobre o assunto no Palácio Paiaguás. Previa ainda projetos de piscicultura, e ainda em 2013 o então Ministério da Pesca realizou uma solenidade distribuindo certificados de concessão na “Área Agrícola da Usina de Manso” para os primeiros projetos. E nunca mais ouvi falar disso. Previa ainda projetos na área do turismo que vem se materializando em condomínios, restaurantes, marinas e agora inaugurando um resort de sofisticação internacional.
Publicado em 19/08/16 pelo site do CAU/MT,  Página do Enock, HiperNotícias,  no dia 20/08/16 no Midianews, ArquiteturaEscrita,...)

COMENTÁRIOS
Na Página do Enock em 19/08/16
Osmir
"Pela enésima vez,vou repetir:ÁS AGUAS DO MANSO E DO CASCA já vem para Cuiabá,pela calha do Rio Cuiabá,por gravidade e de graça há mais de mil anos.Querem encana-las e traze-las a custo do dinheiro público do pobre povo de MT—BABACAS!"


"Gostei! Vamos desativar o Rio Cuiabá e construir um aqueduto. Que tempos! E chamem o Lula para negociar a obra com a Odebrecht, assim a obra que é inútil será útil para encher as burras dos nada burros."

José Antonio Lemos dos Santos disse: sexta-feira, 19th agosto 2016 as 14:34 - Ip: 177.41.83.60
"Agradeço o privilégio de sua leitura e comentário Osmir. O problema é que a água ela precisa ser levada ao ponto mais alto da cidade para ser distribuída e aí entram em jogo as bombas que consomem muita energia a um custo tão elevado que em 10 anos se pagaria a adutora. Os antigos já faziam assim mesmo tendo suas cidades banhadas por rios importantes."

"IMPORTANTE ESTUDO."

NoMidianews
Fernando 20/08/16  15:03h:
"uma das vantagens é abastecer Cuiabá? Eu acho o abastecimento e distribuição de água em Cuiabá uma piada, a água não chega regularmente as residências... e a distribuição de energia elétrica tem melhorada nos últimos anos, mas no país todo, não somente aqui."


Pelo Facebook:
Paulo NInce   19/08/16     11:18h:
"Parabéns Jose Lemos sempre apontando caminhos para o sucesso do BR MT e Cuiabá, centro da América do Sul."

Francisco Gomes 20/08/16   09:47h:
"Grande professor... Sua postagem deve inspirar aqueles que acham que tudo é só política. Existe técnica e no planejamento urbanos é essencial!!!!"

]Carlos Eduardo Cuiabano  20/08/26   20h:
"Tive o privilégio de efetuar estudos em Furnas junto com a engenharia dessa conceituada empresa a nível de geração e transmissão de potência entre Mamso e Couto Magalhães. Desses estudos, com duração aproximada de três meses saiu um relatório de 200 pág. cuja conclusão indicava Couto Magalhães como a melhor alternativa. Manso prevaleceu e me parece que foi muito bom para o rio Cuiabá. Quanto ao fornecimento de energia, é uma usina medíocre, talvez forneça 20 % das necessidades da grande Cuiabá. Mas, o fato é que o conceito de sistema interligado já está ultrapassado porque todos os sistemas foram interligados. Hoje fala - se em Sistema Nacional. Daí, seremos afetados para melhor ou pior em função do que ocorrer no Brasil. O assunto é extenso e importa dar alguma informação. Trabalhei na operação do sistema interligado, matemática e computador, por mais de dez anos. Foi o embrião do sistema nacional e da Operação Nacional do Sistema, ONS. O assunto é vasto e muito bonito. Abraços."

José Antonio Lemos dos Santos  21/08/16 16:30  Dirigido ao Carlos Eduardo:
"Sua leitura e comentários sobre meus artigos me deixa lisonjeado. Este comentário então é especial. Acho que que nós que vivemos o período recente de nossa história em diversos setores devemos arranjar nossas formas de repassar esses conhecimentos à nova geração de mato-grossenses e cuiabanos. Tem muito aventureiro por aí dando cada chute que com o passar do tempo acaba virando verdade. Preocupo-me com as novas gerações e não com a possibilidade de nossas autoridades se sensibilizarem eles só pensam neles e com um horizonte eleitoral de 2 anos. Eu agradeço essas valiosíssimas contribuições de você. Sei que tem muito mais coisas a contar e na hora que achar importante é só escrever."




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Digite aqui seu comentário.