"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 5 de novembro de 2016

O AEROPORTO PAROU, DE NOVO!

Foto José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos
     Algum pressentimento parece ter orientado quando na semana passada citei a linha aérea internacional Cuiabá-Santa Cruz de La Sierra como exemplo de um assunto de interesse do município estando, portanto, entre as obrigações das autoridades e lideranças municipais se
interessar, acompanhar e brigar junto às instâncias competentes por sua realização, independente de partidos ou outros interesses menores. Podia ter citado o gasoduto, a ferrovia, mas escolhi a nova linha aérea por sua importância e pela proximidade da data anunciada para sua inauguração, 5 de dezembro, sugerindo a necessidade dos prefeitos e vereadores dos municípios do Vale do Rio Cuiabá, novos ou velhos, só ou em conjunto, cobrarem o andamento do assunto antes de um possível derramamento do leite. Pois não é que o governo dias após suspendeu o contrato da obra do aeroporto, faltando 25% a ser concluída? Tomara que não atrapalhe em nada a inauguração da linha internacional, tão importante para a Baixada Cuiabana.
     Historicamente a relação dos órgãos gestores dos aeroportos no Brasil nunca foi de simpatia ou agilidade com nosso aeroporto, hoje o 14º do Brasil em passageiros. Um dos poucos grandes momentos de sua história foi no começo da década de 40 quando o governo do estado resolveu doar uma área de 700 ha para o aeroporto, decisão mais que visionária, profética, pois naquele tempo a aviação civil mal iniciava sua consolidação no Brasil. A primeira estação de passageiros só aconteceu porque a então primeira dama do Brasil, de passagem por aqui, precisou ir ao banheiro. Foi um pampeiro! Sorte, pois desse fato pitoresco saiu a primeira estação de passageiros, inaugurada em 64 com o nome de Maria Tereza Goulart, logo após mudado para Marechal Rondon. Depois disso, outra sorte foi em 2002 quando o saudoso cuiabano Orlando Boni presidiu a Infraero e suspendeu uma reforma meia boca programada para o aeroporto e determinou a execução e implantação de um projeto moderno de ampliação e um Plano Diretor para o Marechal Rondon. A ampliação começou, parou, começou, parou, e agora está parada de novo. O Plano Diretor sumiu. Fora isso, só pouco caso, incompatível com a importância da Infraero e seu quadro técnico.
     A maior chance veio com a Copa do Mundo, Cuiabá uma das 12 sedes e o aeroporto como peça fundamental. A ideia era de que nessa oportunidade o Marechal Rondon seria levado a sério. Que nada! A abertura da licitação para o projeto da ampliação só saiu em 2010, ano e meio após a escolha de Cuiabá como uma das sedes e sua ordem de serviço só 2 meses e meio depois. A licitação para as obras só em julho de 2012, 3 anos e 2 meses depois da escolha da sede, com menos de 600 dias para o início da Copa. A boa vontade com Cuiabá era tanta que a então ministra Gleise Hoffmann chegou a propor uma cobertura de lona, caso o aeroporto não ficasse pronto a tempo. Lona, isso mesmo!
     Mesmo inconcluso o Marechal Rondon melhorou muito em relação ao que era antes da Copa, graças ao governo do estado da época ter corajosamente assumido o risco de tocar as obras. Se não, nem isso estaria pronto. Qual o prejuízo sofrido por Mato Grosso, em especial Cuiabá e Várzea Grande com suas novas 15 torres hoteleiras que vieram com a Copa? Afinal, quem defende os interesses de Cuiabá e Várzea Grande? Eventualmente um deputado de Rondonópolis ou de Sinop? Tomaram nossa ferrovia, inviabilizaram nosso gás, fica assim? Quem lutará por nosso aeroporto e sua primeira linha internacional? Está difícil, hein? Com uma história de bravos antepassados será que viramos uma geração de amebas, incapazes de aprumarmos ao menos para reivindicar os próprios direitos? Ou cobrar de quem tem a obrigação de fazê-lo?
(Publicado em 05/11/16 pelo MidiaNews, no Blog do Lúcio Sorge, Arquitetura Escrita, NaMarra e em 10/11/16 pelo Diário de Cuiabá,...)

COMENTÁRIOS:
No Midianews  Carlos Nunes  05.11.16 09h30
"Não sou vidente, mas prevejo que essa tragédia vai acontecer é com o VLT - depois de abrirem a cidade toda, DE PONTA A PONTA (do Porto até o CPA e do Centro ao Coxipó), e o dinheiro minguar, acabar, porque ninguém realmente sabe o tamanho dessa crise, nem quanto tempo ela vai durar, PARA TUDO. E a cidade vai ficar toda aberta esperando o dinheiro cair do céu. Máquinas e tratores já terão mandado pró espaço tudo o que estava na frente, embaixo e nas imediações: asfalto de boa qualidade, avenidas, ruas, calçadas, canos, adutoras, rede de esgoto, rede de energia, telefônica, e muito mais. Quanto custa esse patrimônio público consolidado que vai pró espaço? Quanto custará para REFAZER tudo isso? Aí o fracasso do Silval é transferido automaticamente para o Taques - fracasso antigo o eleitor esquece, mas fracasso atual não esquece...VLT ainda vai derrubar alguns políticos, que não serão mais eleitos pra nada. Se não fizeram na época das vacas gordas, fazer agora na época das vacas magras, do dinheiro curto, da pindaíba financeira, é suicídio. Agora não tem dinheiro nem para garantir o pagamento dos servidores, depende de repasse federal, se o dinheiro chegar paga, se não chegar não paga. Ontem os telejornais (todos) mostraram a calamidade econômica no Rio de Janeiro, e o comentarista do SBT alertou: o que acontece no Rio, vai ter um efeito cascata em todo país - NÃO TEM DINHEIRO. Não podemos deixar abrirem Cuiabá DE PONTA A PONTA, porque o negócio pode piorar. O que já está ruim, pode ficar pior. Não deviam é ter deixado o Silval comprar as Composições Milionárias do VLT, sem entender bulhufas de VLT. É caro para fazer e depois para manter."

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